quarta-feira, 12 de agosto de 2020

FOI NA FEIRA DE CASTRO

 

Quando? Quando o menino que vemos na foto com uma flauta de bisel nas mãos, tinha aquela idade e aquele tamanho, de olhos fixados na câmara. É o meu filho mais velho. Fomos à feira e passámos por um vendedor dessas flautas. Ele mostrou desejos de ter uma. Elas estavam no chão, em monte, em cima de um oleado. Aproximei-me, baixei-me, agarrei numa e entreguei-lha. E foi então que o vendedor me disse que só vendia por grosso. Não vendia unidades. Mas atento ao gesto do meu filho e a alegria do “brinquedo” que ele tinha nas mãos, antes de eu tentar explicar-lhe que não havia negócio, que teria de devolver a flauta, ele apressou-se e disse: “deixe lá, é uma oferta minha”. E foi esse gesto humano praticado por um comerciante desconhecido, que me apressei a registar em fotografia, num enquadramento identificador da FEIRA DE CASTRO. O vendedor “por grosso” aparentava ser mais novo do que eu. Ainda é capaz de “fazer a feira de Castro”. Se fizer, ou se algum dos seus descendentes, quiçá netos, lerem este apontamento online, saberá que esse “relâmpago de humanidade” e de “psicologia infantil” ainda hoje rasga o céu nublado e escuro do mercantil egoísmo mundano.

(credito Prof. Abilio Pereira de Carvalho)

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CASTRO - O PRESENTE TEM PASSADO